Era dia 10/05/06 quando entrei em contato com o Sensei Paulão para saber como ele estava, em nossa conversa falamos em nos encontrar e sobre a possibilidade de eu levar alguns alunos para treinarem com ele no seu novo dojo, no Recreio dos Bandeirantes, na academia Viking, cujo proprietário, Afonso é um grande parceiro, professor de jiu-jitsu e faixa marrom de karate.

Após o consentimento do Paulão, marcamos sem demora para o dia 16/05/06, terça-feira, às 20:00 h. Fiquei muito animado e com uma ansiedade que há muito tempo não sentia, pois sabia que seria um grande treino e, como quem já treinou com o Paulão sabe, nunca é possível prever o que vai acontecer ou quanto tempo de treino será.

Marquei de encontrar o Paulão às 18hs30, pois tive a sorte e a honra de tê-lo em minha companhia durante o longo trajeto até o Recreio, o que kyokai.com.brkyokai.com.brkyokai.com.breu achei ótimo, pois tive a oportunidade de ir conversando com ele e, lógico, fomos conversando sobre karate.

Para quem não sabe, o Paulão faz parte do crescimento do karate no Brasil; é incrível a quantidade de historias que ele sabe sobre as pessoas e fatos que marcaram o karate, uma verdadeira lição que só faz empolgar a quem escuta.

Quando chegamos à academia, fiquei muito impressionado com a educação e cordialidade do Afonso e dos alunos do Paulão que ali estavam. Tive a oportunidade de rever e treinar com meu grande parceiro de karate Mauricio Malburg. Nós começamos a treinar praticamente juntos, em 1977. Trata-se de uma pessoa fantástica. Espero revê-lo sempre.

Incrível, mas o karate é um ótimo caminho para unir as pessoas; é pena que nem todos pensem assim.

O dojo do Paulão é muito interessante, pois apesar de não ser tão grande, há uma atmosfera totalmente de arte marcial, difícil de explicar (só estando lá). A única coisa que posso dizer é que era uma sensação incrível e a presença do Paulão no dojo fechou com chave de ouro.

Confesso que fiquei um pouco emocionado ao ver Paulão de novo de quimono, pois há algum tempo atrás achei que nunca mais teria essa oportunidade.

Na verdade estava muito ansioso para começar o treino e tenho certeza que todos que estavam presentes também.

Quando nos formamos para cumprimentar, fiquei muito envergonhado e ao mesmo tempo honrado com a gentileza do Paulão, pois ele me chamou e ordenou que eu ficasse ao seu lado, de frente para os alunos e cumprimentasse junto com ele. Jamais imaginei que isto pudesse acontecer e jamais recebi tamanha consideração também. Foi realmente uma honra!

Só quem respira arte marcial, entende o que eu quis dizer.

O treino foi ótimo, sem brincadeiras (como deve ser), muito respeito e, lógico, muito cansativo. O ar que estava circulando era totalmente marcial, já estava com saudades!

Fizemos kihon, kumite e kata, no final aquela ansiedade já havia sumido e fizemos uma grande confraternização, me senti em casa.

Tenho certeza que meus alunos ficaram impressionados com a seriedade e conhecimentos do Paulão; foi um encontro totalmente válido e gratificante, pois pudemos constatar que o ressurgimento de um karate sério depende apenas de nós.

Hoje, no Rio de Janeiro, o karate tradicional está cada vez menor e talvez algumas das razões para isso sejam vaidade, falta de respeito, politicagem e, principalmente, a falta de preparo e visão empresarial dos que comandam o karate, é uma pena.

Acredito e espero que este pequeno “intercâmbio” seja o início de uma nova visão e que o karate shotokan possa voltar a crescer de novo aqui no Rio de Janeiro, pois, independente de federações e/ou competições, o estilo shotokan é um só.

OSS

Abaixo, segue um depoimento de um dos participantes deste grande treino:

“Era uma sexta-feira a noite típica, estava eu no meu quimono treinando karate no dojo do Sensei Felipe, não fosse no final do treino, depois do cumprimento, o sensei nos convidou para na próxima terça treinarmos no dojo do sensei Paulão no Recreio. Para mim, treinar no dojo do sensei Paulão foi uma grande e feliz surpresa, pois apesar de praticar karate há 19 anos nunca havia tido oportunidade de treinar com ele, uma das figuras mais importantes e folclóricas do karate do Brasil. Já tinha assistido a vários treinos do Paulão, e até mesmo treinado na mesma academia em que ele ministrava os treinos, mas nunca treinei diretamente com ele, claro já o tinha visto várias vezes, participei até de um campeonato em sua homenagem, e em todas estas oportunidades ele sempre foi muito gentil e respeitoso comigo, apesar de eu ser um praticante de karate como qualquer outro, sem nunca ter tido qualquer ligação maior com
ele”.

Já tinha ouvido muitas histórias sobre o sensei Paulão. Acredito não haver praticante de karate no Rio de Janeiro que não tenha ouvido pelo menos uma; perdi a conta das vezes que pessoas me falavam “Você pratica karate? Eu conheço um professor, o Paulo Góes…”. A maior parte destas histórias era sobre treinamentos realmente pesados, por isso fiquei um pouco apreensivo por não estar na melhor forma, devido a uma forte gripe contraída uns dias antes.

Na academia fomos recebidos com muita alegria e carinho pelo dono, Afonso Viking, que também é um praticante de
karate e acabou treinando ao meu lado. O treino foi puxado e com um dos melhores climas dos quais já participei. Ao final era fácil ver os sorrisos no rosto de todos que participaram dele, o papo que rolou após foi muito gratificante, pois todos elogiavam uns aos outros: “Foi muito bom lutar com você”, “Gostei do seu chute”, “Você está forte e rápido”. Realmente foi um treino que vai ficar na minha memória pela força e simplicidade deste grande homem, o professor Paulo Góes (Paulão).”

Fernando Simões – Faixa preta 1º. Dan